Pisar uma barata e esmagá-la até nos vermos livre dela é o primeiro instinto quando vemos um inseto destes a rastejar no chão da nossa casa. No entanto, nas redes sociais e em blogues há quem defenda que esta prática pode ser perigosa para a saúde.

Num post partilhado no Facebook alega-se que “esmagar uma barata e expor o seu conteúdo fora” expõe o ser humano a “bactérias que podem ser potencialmente graves”. Noutra publicação ainda se refere que pisar um destes insetos pode desencadear “crises alérgicas”. E, uma rápida pesquisa no Google, mostra-nos vários títulos de artigos de blogues que alertam para os “perigos” desta prática. Mas será verdade que pisar uma barata é perigoso para a saúde? Quais os potenciais riscos desta prática?

É verdade que pisar uma barata é perigoso para a saúde?

Em declarações ao Viral, fonte oficial da Direção-Geral da Saúde (DGS) começa por adiantar que “pisar uma barata com o objetivo de matá-la não representa um risco importante para a saúde humana”. 

No esclarecimento enviado ao Viral, a mesma fonte explica que, de facto, “quando uma barata é esmagada, é possível que alguns microrganismos presentes no seu corpo sejam libertados”. No entanto, acrescenta, “o risco de doenças transmitidas por baratas através do esmagamento é considerado baixo”.

Ainda assim, “deve atentar-se a aspetos relacionados com a higiene, especialmente tendo em conta o risco de contaminação de superfícies ou alimentos”, defende a mesma fonte.

Em alguns casos, “pessoas sensíveis ou alérgicas a baratas podem experimentar sintomas de alergia”, tais como, “espirros, tosse, pruridos, olhos vermelhos e/ou congestão nasal”. 

Mas, mais uma vez, “a maioria das pessoas não apresenta reações alérgicas relevantes nestas situações”, reforça a DGS.

Pisar uma barata atrai mais baratas?

“As baratas libertam feromonas para comunicar e atrair outras baratas”, aponta a DGS. Contudo, “é improvável que o esmagamento de uma única barata liberte feromonas em quantidade suficiente para atrair um grande número de insetos”. 

Por outro lado, sublinha a mesma fonte, “a disponibilidade de alimentos e abrigo desempenham um papel mais importante” na atratividade de baratas para as casas.

Em suma, é exagerado afirmar-se que pisar uma barata é perigoso para a saúde, dado que, à partida, esta prática não apresenta riscos diretos para a maioria da população. 

Quais os cuidados a ter para prevenir infestações de baratas?

De acordo com um texto publicado no site da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), “as infestações por pragas podem ocorrer em locais que favoreçam a sua proliferação e onde existam alimentos“. 

Além disso, acrescenta-se, estes animais “podem entrar nas instalações através da sua deslocação, com as matérias-primas e materiais, através dos veículos de transporte, equipamentos e/ou manipuladores”.

Para evitar “a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento de pragas”, como baratas, “devem ser empregues as boas práticas de higiene”, escreve-se no mesmo texto.

No mesmo sentido, a DGS informa o Viral que é importante “manter cuidados de limpeza, evitando a acumulação de alimentos, lixo e água parada”.

Além disso, avança a DGS, “as rachas e frestas nas paredes e nos pisos devem ser vedadas para reduzir a entrada de baratas”.

A organização americana, National Center for Healthy Housing (NCHH), aponta, num texto publicado no seu site, algumas medidas específicas que podem ser adotadas para evitar uma infestação por baratas, tais como:

• “Limpar balcões, mesas e fogões após todas as refeições, lanches e preparações alimentares”;
• Manter “os alimentos confinados a áreas específicas da casa” e limpar logo “quaisquer derrames”;
• Ter “todos os alimentos e lixo em recipientes bem fechados” e não deixar que “o lixo se acumule demasiado”;
• Não deixar “louça suja no lava-loiça, no balcão ou na máquina de lavar louça durante a noite”;
• Reparar “canos, torneiras, sanitas e outros danos de canalização com fugas”.

Como acabar com as baratas em casa?

Seja para lidar com que praga for, a ASAE aconselha que, primeiro, se identifique “a praga em causa”, “as áreas em que se evidenciou” e os “problemas associados”. 

Depois, deve-se chegar a uma conclusão sobre qual o “tipo de método de intervenção que irá ser adotado”, bem como “identificar quais os eventuais perigos de saúde/segurança que podem decorrer para os operadores /produto na utilização do método de intervenção escolhido”, aponta.

A DGS  aponta, em declarações ao Viral, algumas soluções para lidar com as baratas. À partida, deve-se usar “armadilhas, de acordo com as instruções definidas nas embalagens”.

No entanto, “em casos de infestações mais graves, pode ser necessário recorrer à aplicação de inseticidas”. Nestas circunstâncias, “é fundamental que essas substâncias sejam manuseadas por profissionais capacitados, seguindo as instruções”, avisa a DGS.

Além disso, “em situações de infestações persistentes ou complexas, é recomendável procurar a ajuda de profissionais especializados em controle de pragas”.

Por fim, menciona-se no texto da ASAE, a situação deve ser avaliada “para estabelecer ação corretiva destinada a evitar que a situação seja recorrente”.